Ergonomia e qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso no agronegócio brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.21710/rch.v30i0.608Palabras clave:
Agronegócio. Fruticultura. Ergonomia. Qualidade de Vida no Trabalho. QNSO. WHOQOL.Resumen
O agronegócio possui grande representação no setor econômico brasileiro com significativa participação no PIB. Contudo, trata-se de um dos segmentos com o maior número de acidentes ocupacionais e alta prevalência de riscos ergonômicos. Logo, esse artigo objetivou diagnosticar, sob enfoque da ergonomia e da qualidade de vida no trabalho (QVT), a realidade de trabalhadores rurais, utilizando como modelo de estudo uma empresa familiar agrícola no estado de São Paulo. A partir de uma pesquisa exploratória e descritiva, aplicou-se o método observacional assistemático e coletou-se dados por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) e do Questionário World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-bref), seguindo-se de tratamento estatístico descritivo e inferencial. Os principais pontos de dores identificados referiram-se ao quadril/membros inferiores (40%) e região dorsal (40%), associando-se esses relatos às atividades repetitivas, alta incidência de trabalho estático, movimentação manual de carga e má postura observadas in loco. Estatisticamente, verificou-se que as dores na região dorsal estão relacionadas ao tempo de trabalho na função (p = 0,009), bem como há relação com os desconfortos da região cervical (p = 0,001). Ainda, os trabalhadores apresentaram elevada QTV (3,9 ± 0,7), apontando como única fragilidade a influência do sono no trabalho (2,7 ± 1,1). Constatou-se que manifestações de dores e desconfortos deve-se à falta de alinhamento das atividades laborais com os preceitos ergonômicos, porém sem impacto direto na QVT na amostra estudada. Esse artigo contribui para discussões gerenciais sobre planos e práticas que prezem pela saúde e bem-estar do trabalhador agrícola para otimizar indicadores sociais e econômicos no agronegócio brasileiro.
Citas
Aguiar, K.S.,de Moraes Gomes Rosa, M.T.,de Mello Filho, L.V.F.,Gabriel, J.C., &Akkari,A.C.S.(2021).Physical ergonomics applied to the administrative sector and the factory floor: The case of a food industry. In: Iano, Y., Arthur, R., Saotome, O., Kemper, G., & Borges Monteiro, A. C. (eds). Smart innovation, systems and technologies. Springer International Publishing, Cham. pp. 537-545.
Anema, J.,Cuelenaere, B.,VanDerBeek, A. J.,Knol, D.,DeVet,H.,&VanMechelen, W.(2004).The effectiveness of ergonomic interventions on return-to-work after low back pain:Aprospective two year cohort study in six countries on low back pain sicklisted for 3–4 months. Occupational and Environmental Medicine,61,289-294.
Assunção, A. A.,& Abreu, M. N. S.(2017).Fatores associados a distúrbiososteomusculares relacionados ao trabalho autorreferidos em adultos brasileiros. Rev Saude Publica,51(1),10s.
Barros, E. N. C.,& Alexandre, N. M. C. (2003). Cross-cultural adaptation of the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. International Nursing Review,50,101-108.
Batalha, M.O., & Silva, A.L.da.(2001)Gerenciamento de sistemas agroindustriais: definições e correntes mercadológicas. Gestão agroindustrial,2,28-34.
Bertolazi, A.N., Fagondes, S.C., Hoff, L.S., Pedro, V.D., Menna Barreto, S.S., & Johns, M.W. (2009). Validação da escala de sonolência de Epworth em português para uso no Brasil.Jornal Brasileiro de Pneumologia,35,877-883.
Boatca, M.E.,& Cirjaliu, B.(2015). A proposed approchfor an efficient ergonomics intervention in organizations. Procedia Economics and Finance, 23,54-62.
Berenguer, F. Araújo, Silva, D.A.L., & Carvalho, C.C.de. (2011). Influência da posição ortostática na ocorrência de sintomas e sinais clínicos de venopatias de membros inferiores em trabalhadores de uma gráfica na cidade do Recife-PE.Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 36,153-161.
Carvalho, L. F. & Santos, P. V. S. (2020). A ergonomia no contexto das atividades rurais: uma revisão bibliográfica. INOVAE-Journal of Engineering and Technology Innovation,8, 251-269.
Castro, N.R., Barros, G.S.de C., Almeida, A.N., Gilio, L., & Morais, A.C.de P. (2020). The Brazilian agribusiness labor market: Measurement, characterization and analysis of income differentials. Revista de Economia e Sociologia Rural, 58, e192298.
Coelho, T. R. F., Xavier, A., Figueiredo, A. M., Prestes, S. C. C., Orenha, E. S., Hortela, D., Silva, M. A. S.,& Bastos, J. R.de M. (2015). Avaliação da DORT entre estudantes brasileiros do curso de Odontologia. 28º COB -Congresso Odontológico de Bauru, 14-16 Maio, Bauru.
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Balanço 2019 e perspectivas 2020. CNA, Brasília.
Dal Forno, C.,& Finger, I. R. Qualidade de vida no trabalho: conceito, histórico e relevância para a gestão de pessoas. Revista Brasileira de Qualidade de Vida,7, 1-3-112.
Dancey, C.,& Reidy, John. (2006). Estatística sem matemática para psicologia: usando SPSS para Windows.Porto Alegre, Artmed.
Ferreira, M.C. (2008). A ergonomia da atividade se interessa pela qualidade de vida no trabalho? Reflexões empíricas e teóricas.Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 11,83-99.
Fleck, M.P.,Chachamovich, E.,& Trentini, C.M. (2003). Projeto WHOQOL-OLD: método e resultados de grupos focais no Brasil. Revista Saúde Pública, 37, 793-799.
Guimarães, J. M. X., Jorge, M. S. B., & Assis, M. M. A.(2011). (In)Satisfação com o trabalho em saúde mental: um estudo em Centros de Atenção Psicossocial. Ciência & Saúde Coletiva,16,2145-2154.
Heredia, B.,Palmeira, M.,& Leite, S.P.(2010).Sociedade e economia do "agronegócio" no Brasil. Rev. Bras. Ci. Soc.,25,159-176.
Henry, L.J., Esfehani, A.J., Ramli, A., Ishak, I., Justine, M.,& Mohan, V.(2015).Patterns of work-related musculoskeletal disorders among workers in palm plantation occupation. Asia Pacific J. Public Health,27,1785-1792.
Houshyar, E.,&Kim, In-Ju.(2018). Understanding musculoskeletal disorders among Iranian apple harversting laborers: Ergonomic and stop watch time studies. International Journal of Tndustrial Ergonomics,67,32-40.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2017). Produção Agrícola Municipal (PAM). IBGE, Rio de Janeiro.
Iida, I. (2005). Ergonomia: projeto e produção. Edgard Blücher, São Paulo.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ipea projeta crescimento do PIB agro em 1,5% para 2020. Recuperado de: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=37098.
João, P.L., & Secchi, V.A.(2002). Ensacamento de frutos: uma antiga prática ecológica para controle da mosca-das-frutas. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável,3,53-55.
Keawduangdee, P., Puntumetakul, R.,Swangnetr, M., Laohasiriwong, W., Settheetham, D.,Yamauchi, J.,& Boucaut, R.(2015).Prevalence of low back pain and associated factors among farmers during the rice transplanting process. J. Phys. Therapy Sci.,27,2239-2245.
Lelis, J. W. F.,Santos, N.M.B.F.,Munhoz, I.P., & Akkari,A.C.S. (2018). Estresse e satisfação no trabalho: um estudo entre gestores da área comercial. Revista Científica Hermes,20, 110-132.
Limongi-França, A.C. (1997). Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista Brasileira de Medicina Psicossomática,1,79-83.
López-Aragón, L., Lópes-Liria, R., Callejón-Ferre, A., & Pérez-Alonso, J.(2018).Musculoskeletal disorders of agricultural workers in the greenhouses of Almería (Southeast Spain).Safety Science,109,219-235.
Miot, H.A.(2017). Avaliação da normalidade dos dados em estudos clínicos e experimentais. Jornal Vascular Brasileiro,16,88-91.
Morin, E.M. (2008).The meaning of work, mental health and organizational commitment. IRSST,Quebec.
Mueller, B.,& Mueller, C.(2016). The political economy of the Brazilian modelo of agricultural development: Institutions versus sectoral policy. The Quarterly Review of Economics and Finance,62, 12-20.
Naeini, H. S., Karuppiah, K., Tamrin, S. B., & Dalal, K. (2014).Ergonomicsinagriculture: Anapproachinpreventionofwork-related musculoskeletal disorders (WMSDs). Journal of Agriculture and Environmental Sciences, 3,33-51.
Oliveira, J.L., Sacilloti, A. C., Roque da Silva, O. (2012). Qualidade de vida no trabalho: proposta de avaliação para micro e pequenas empresas. Revista Científica Hermes,7,28-47.
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico/Food and Agriculture Organization of the United Nations. (2015). OECD-FAO Agricultural Outlook 2015.OECD Publishing, Paris. doi: http://dx.doi.org/10.1787/agr_outlook-2015-en
Palmer, K.T. (1996). Musculoskeletal problems in the tomato growing industry: 'Tomato trainer's shoulder'. Occup. Med.-Oxford, 46,428-431.
Paschoal, T.,& Tamayo, A. (2004). Validação da escala de estresse no trabalho. Estudos de Psicologia,9,45-52.
Paula, A., Haiduke, I.F.,& Marques, I.A.A. (2016). Ergonomia e gestão: complementaridade para a redução dos afastamentos e do stress, visando melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Revista Conbrad,1, 121-136
Pinheiro, F.A.,Troccoli, B.T.,& Carvalho, C.V.(2002). Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Rev Saúde Pública,36,307-12.
Rodrigues, M. V.C.de. (1999). Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial. Vozes, Petrópolis.
Silva, P.A.B., Soares, S.M., Santos, J.F.G.,& Silva, L.B. (2014). Ponto de corte para o WHOQOL-bref como preditor de qualidade de vida de idosos.Revista de Saúde Pública, 48, 390-397.
Teixeira, M. L. P. ,& Freitas, R. M. V.(2003). Acidentes do trabalho rural no interior paulista. São Paulo em Perspectiva,17,81-90.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Bianca Hikari Kumagai, Igor Polezi Munhoz, Alessandra Cristina Santos Akkari

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.